Pressupostos ontológicos e propriedades lógicas do texto Implicações da análise experimental do comportamento e modelo biomédico
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Abaixo está uma análise em ontologia analítica, com foco em dois eixos principais:
(1) os pressupostos ontológicos dos modelos envolvidos e
(2) as propriedades da lógica subjacente utilizada no texto.
🧠 1. Pressupostos Ontológicos dos Modelos em Comparação
O texto compara dois sistemas explicativos aplicados à estabilidade em saúde mental:
modelo biomédico (MED) e análise experimental do comportamento (AEC).
📌 A. Modelo Biomédico (MED)
Elemento / Descrição
Entidades postuladas / Substâncias neuroquímicas, redes neurais, estruturas cerebrais.
Causalidade / Causalidade linear, intrínseca, descendente: estado cerebral → comportamento.
Indivíduo / Entidade com substrato biológico estável e determinante.
Estabilidade / Resultado da ação contínua de substâncias químicas no organismo.
Epistemologia implícita / Realismo científico naturalista: o que é real são entidades físicas mensuráveis.
Ontologia implícita / Substancialismo fisicalista: estabilidade se ancora em propriedades materiais do corpo.
📌 B. Análise Experimental do Comportamento (AEC)
Elemento / Descrição
Entidades postuladas / Contingências de reforçamento, estímulos antecedentes, respostas comportamentais.
Causalidade / Causalidade funcional, relacional e externa: ambiente ↔ comportamento.
Indivíduo / Sistema comportamental em constante interação com o ambiente.
Estabilidade / Produto de histórias de reforçamento e arranjos contingenciais atuais.
Epistemologia implícita / Pragmatismo e contextualismo funcional: validade de modelos vem da utilidade explicativa e preditiva.
Ontologia implícita / Relacionalismo: o que existe são relações funcionais entre eventos.
🔍 2. Propriedades da Lógica Subjacente (Lógica Adaptativa e Não-Clássica)
O texto não utiliza uma lógica dedutiva clássica, mas sim uma estrutura não monotônica, como descrita por Laura Atocha Aliseda na referência citada. Isso significa:
A. Características da Lógica Utilizada
Propriedade Presente no texto / Descrição
Não-monotonicidade ✔️ As conclusões podem ser revisadas conforme novas premissas surgem. Exemplo: a dispensabilidade da medicação pode ser aceita sob certas contingências, mas retraída em outras.
Revisabilidade epistêmica ✔️ A afirmação 25 (dispensabilidade da medicação) é dita como “mais retratável”, ou seja, passível de revisão epistêmica racional sem contradição do sistema.
Hierarquia de plausibilidade ✔️ Há uma ordenação entre as afirmações quanto à sua retratabilidade (dispensabilidade do operante = mais implausível).
Coerência interna como critério epistêmico ✔️ O texto argumenta que o modelo AEC é mais coerente internamente ao absorver o uso de medicação sem contradizer sua ontologia.
Tolerância à inconsistência local ✔️ O texto lida com tensões entre modelos sem exigir uma lógica binária clássica (verdadeiro/falso absoluto).
B. Forma de raciocínio empregada
O raciocínio utilizado pode ser classificado como:
Abdução com controle de retratabilidade: escolhe a hipótese mais consistente com os pressupostos de um sistema ontológico dado.
Redução ao absurdo ontológico: mostrar que assumir a dispensabilidade do comportamento operante implica negar fatos cientificamente sustentáveis, o que seria um absurdo.
🧩 3. Compatibilidade Ontológica entre os Modelos
A. Assimilação assimétrica
Modelo / Capacidade de assimilação do outro sem violar sua ontologia
MED / Baixa: a AEC é tratada como uma técnica, não como ciência autônoma.
AEC / Alta: pode incorporar o uso de medicação como parte do ambiente, mantendo coerência interna.
B. Critério Ontológico de Robustez
Um modelo ontológico é mais robusto se:
Explica fenômenos próprios e alheios.
Tolera revisões epistêmicas sem entrar em contradição.
Possui economia ontológica com maior poder explicativo.
O texto defende que a AEC satisfaz esses critérios mais plenamente do que o modelo biomédico.
🔄 4. Solução do Conflito Ontológico segundo a lógica adotada
Conflito / Solução proposta pelo texto
Dispensabilidade mútua: Afirmar que a dispensabilidade da medicação é mais racionalmente aceitável, pois o modelo da AEC absorve o papel da medicação sem negar sua própria ontologia.
Compatibilidade teórica: Só é válida se não mascarar a hierarquia ontológica subjacente. A compatibilidade prática não implica equivalência ontológica.
Sucesso terapêutico: Depende mais de condições políticas e econômicas do que da verdade científica dos modelos.
📌 Conclusão da análise em ontologia analítica
O texto opera sob os seguintes princípios e pressupostos, coerentes com uma ontologia analítica e uma lógica adaptativa:
Ontologicamente:
A AEC assume uma ontologia relacional e funcional, mais abrangente e coerente.
O modelo biomédico é fisicalista e substancialista, e nega ou marginaliza a causalidade operante.
Logicamente:
A estrutura do argumento é não-monotônica, revisável, e baseada em comparação de retratabilidade.
A lógica adaptativa permite modelar disputas entre sistemas teóricos rivais sem exigir contradições absolutas.
> A ontologia analítica utilizada no texto avalia que a explicação funcional comportamental tem maior poder de assimilação e menor custo ontológico do que a explicação neuroquímica, ao mesmo tempo que preserva coerência interna e admite revisões racionais.