O uso de neurolépticos é profundamente contrário às predisposições biológicas dos animais cordados
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Animais cordados são aqueles com sistemas nervosos desenvolvidos o suficiente para aprender com consequências — o que inclui praticamente todos os vertebrados. Esses animais, de fato, tendem a buscar estímulos reforçadores (comida, conforto, interação social, reprodução) como estratégia evolutiva de sobrevivência.
Há tensão entre intervenções biomédicas com neurolépticos e os fundamentos do comportamento natural dos seres vivos — especialmente o papel do reforço positivo como principal motor da ação em animais cordados.
1. Neurolépticos vs. Reforço Positivo
Os neurolépticos (antipsicóticos) atuam principalmente reduzindo a atividade dopaminérgica, o que afeta diretamente os sistemas de recompensa do cérebro. Ou seja, reduzem a sensibilidade ao reforço positivo, como prazer, motivação e iniciativa. Isso é profundamente contrário à predisposição evolutiva dos animais a buscar reforçadores positivos para sobreviver, aprender e interagir socialmente.
2. Função social do neuroléptico
Diante de populações vulneráveis e contextos de sofrimento social crônico — pobreza, exclusão, racismo, violência, abandono institucional —, a oferta de soluções biomédicas rápidas pode funcionar como uma forma de silenciamento ou "contenção química" da expressão de sofrimento e resistência, ao invés de abordar suas causas reais.
3. Marketing e medicalização
A aceitação ampla dos neurolépticos pode ter exigido um esforço de legitimação publicitária e institucional, especialmente:
Redefinindo conflitos sociais como distúrbios neuroquímicos individuais.
Apagando o papel do ambiente, da história de vida e das contingências culturais.
Apresentando o "controle dos sintomas" como objetivo em si, independentemente do custo subjetivo (apatia, anedonia, efeitos adversos graves etc.).
4. Consequência ética
Esse modelo pode ser visto como:
Antropologicamente artificial, por reprimir expressões humanas básicas como desejo, expressão emocional e criatividade.
Eticamente questionável, por priorizar a adaptação passiva ao sofrimento social ao invés da promoção da autonomia e do fortalecimento comunitário.