Análise do comportamento habitual em tratamento psiquiátrico contínuo como equilíbrio de Nash e os efeitos do desmame
ChatGPT
Se considerarmos o comportamento habitual de uma pessoa sob tratamento psiquiátrico contínuo como um equilíbrio de Nash, isso implica que:
Há uma estabilidade estratégica entre o paciente, o psiquiatra e os familiares/cuidadores, em que cada parte ajustou seu comportamento assumindo que os outros não mudarão suas estratégias.
Essa estabilidade não significa necessariamente bem-estar real, mas sim acomodação funcional: por exemplo, o paciente evita conflitos, a família sente-se segura, e o profissional interpreta a estabilidade como sucesso terapêutico.
Quando o paciente decide iniciar um desmame medicamentoso, essa estabilidade estratégica é abalada. Isso ocorre por três razões principais:
1. Alteração do comportamento habitual:
Novos comportamentos emergem (mais afetividade, mais discurso crítico, alterações de rotina, flutuações emocionais).
Esses comportamentos não são necessariamente patológicos — podem ser efeitos de retirada, retorno de funções inibidas ou respostas adaptativas a um novo estado fisiológico.
2. Leitura preconcebida do novo comportamento:
A rede social e o sistema médico, já condicionados a uma definição de "normalidade" baseada no estado medicado, tendem a interpretar qualquer mudança como estranheza ou sintoma de recaída.
Isso é reforçado por um viés de confirmação: esperava-se instabilidade, e ela será identificada mesmo em comportamentos neutros ou positivos.
3. Restauração do equilíbrio como prioridade do sistema:
Como o desvio quebra o equilíbrio de Nash estabelecido, os demais agentes tendem a buscar sua recomposição rápida, frequentemente pela reintrodução forçada da medicação ou pela patologização das novidades.
Conclusão crítica
A metáfora do equilíbrio de Nash revela como o "tratamento contínuo" muitas vezes consolida um estado de controle e acomodação, em vez de cura ou autonomia. O desmame, mesmo quando planejado, rompe com essa acomodação e expõe:
As funções sociais não ditas da medicação (controle, previsibilidade, supressão da crítica).
A fragilidade das redes de apoio, que preferem o retorno ao equilíbrio anterior em vez da construção de um novo pacto relacional.
Assim, é quase inevitável que qualquer novidade no comportamento pós-desmame seja tratada como patologia, porque ela perturba um equilíbrio que era funcional para os outros, ainda que limitador para o paciente.